Xadrez e Estratégias Empresariais

Bruno Barbosa
6 min readMay 17, 2021

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Esse artigo foi escrito originalmente por um grande amigo meu, Hugo Leonardo J. Ribeiro Alves e foi publicada em um blog que não está mais no ar. Enquanto consultava alguns arquivos antigos que guardo na nuvem eu o encontrei e devido ao grande valor contido nesse texto eu achei uma covardia mantê-lo privado, na minha nuvem, sem voltar a compartilhar ele com o mundo. Façam uma boa leitura!

6 ensinamentos do Xadrez para a vida empresarial

O Xadrez através da história

O Xadrez possui benefícios incríveis tanto para o indivíduo quanto para o meio que o mesmo convive ou trabalha.

Alguns deles puramente intelectuais ligados à memória e raciocínio. Já outros, são ligados a valores e trabalho coletivo, que são exploradas principalmente em ambientes escolares, mas que existem e já estão sendo aproveitados em empresas e órgãos públicos.

Sempre relacionado a inteligência, memória e concentração, tomou por muito tempo a imagem de um jogo complicado, algo elitista e inatingível. Pelas partidas longas e intermináveis que há décadas se falava, também se criou uma imagem de jogo “chato” e sem emoção.

Mas a inevitável tecnologia com seus gadgets e aplicativos ajudou a reinventar o Xadrez, que hoje vive sua fase mais popular e divertida de se praticar.

Primeiro, de jogo virou um esporte. Novas regras, ritmos de jogo, facilidade de estudo e prática, as novidades digitais e a inclusão do mesmo nas escolas mudou e tem mudado a visão das pessoas sobre a arte de Caíssa.

Além disso, muito se tem estudado a respeito dos temas transversais que o Xadrez trabalha na mente humana: concentração, raciocínio lógico, memória, paciência, melhora na capacidade de tomar decisões, planejamento, autoconfiança, imaginação e planejamento são habilidades que todo enxadrista, precisa e desenvolve durante a prática do jogo.

Mas como e quando são trabalhadas esses temas transversais? Listamos a seguir algumas habilidades específicas e como funciona sua correlação com a rotina empresarial:

1 — Objetivos e metas

No tabuleiro: Um grupo de peças trabalhando por um objetivo comum: dar o xeque mate no Rei adversário. Ao decorrer da partida, as peças trabalham juntas por esse objetivo. Se por um acaso, o jogador perde o foco e em vez de buscar o mate, procura a captura de peças, ou quem sabe perseguir a Dama adversária, pode perder o jogo de forma repentina, com um mate adversário, ou pelo tempo (prazo).

Na empresa: Meta deve ser a palavra mais ouvida quando falamos do mundo empresarial. Uma empresa vive de resultados e esses resultados são chamados de metas e objetivos. Cabe ao gestor, utilizar o melhor de cada recurso, setor e colaborador para se atingir os objetivos da empresa.

2 — Trabalho em equipe

No tabuleiro: Durante uma partida de xadrez o jogador tem de coordenar todas as suas peças em prol de um objetivo. Desde o peão, menos valioso, até a Dama todos devem cumprir seus papéis trabalhando em harmonia. Não se conduz uma partida utilizando somente os bispos ou cavalos. Ganha-se coordenando todo o exército, utilizando o melhor que cada peça pode proporcionar.

Na empresa: Não existe empresa que cada um age por si. Ou todos remam na mesma direção, ou o barco afunda. Cabe ao gestor, utilizar o melhor de cada colaborador. Cada parte tem sua importância para o resultado final, desde o gerente, ao pessoal de serviços gerais. Sabendo de suas funções, onde e quando agir, o grupo, com diferentes elementos, de diferentes níveis de hierarquia e responsabilidade devem agir como engrenagens em uma máquina.

3 — Planejamento

No tabuleiro: Um plano ruim é melhor do que nenhum plano. No Xadrez, assim como nos negócios um plano é absolutamente necessário para condução da vitória. Os movimentos não podem ser feitos de forma aleatória. Cada jogador calcula até onde consegue as consequências de cada jogada a ser feita. E antes de cada execução, há um planejamento.

Na empresa: Imagine uma empresa onde a cada dia muda-se o objetivo. Hoje vamos pensar em A, amanhã em B. Não precisa ser um administrador para perceber que não irá longe dessa maneira. As ações antes de executadas são planejadas, e esses planejamentos por sua vez são feitos em estudo de causa. Mesmo que o planejamento seja raso, toda ação deve ser pensada. É uma máxima inegável no ambiente empresarial. Quanto melhor o planejamento, menos as situações tendem a sair do controle.

4 — Tomada de decisões

No tabuleiro: Sim no Xadrez a todo momento devemos tomar uma decisão. Jogar com essa ou aquela peça? É a melhor hora para agir? Devemos ir para o ataque agora, ou ainda é necessário “arrumar a casa”, cuidar da defesa do nosso Rei e depois atacar? A cada lance é necessário uma nova avaliação da situação e logo, uma decisão deve ser feita: qual o melhor lance para essa situação?

Na empresa: Em vários níveis, graus de importância e dificuldade somos levados a tomar decisões o tempo inteiro. Uma capacidade admirada em bons gestores é a capacidade de tomar decisões de forma segura e assertiva. Utilizar tais recursos agora ou esperar mais algum tempo? Contratar mais pessoal? Como reduzir os custos? Devo ter uma conversa séria com minha equipe ou é momento de motivá-los de alguma forma? Essas e outras tomadas de decisões são feitas a todo momento, e quanto mais conhecimento e experiência se tem, mais segurança se adquire.

5 — Responsabilidade

No tabuleiro: O Xadrez é um esporte individual que exclui completamente o fator sorte. É completamente meritocrata. A parte boa é que se nos dedicarmos aos estudos, jogarmos com cautela e paciência, procurarmos a evolução na teoria do jogo, ficarmos atento as mudanças de condições durante a partida, é provável que cheguemos a vitória. Em contrapartida, quando não calculamos uma possibilidade ao nosso máximo, quando jogamos uma partida de forma displicente, ou subestimamos um perigo e isso nos leva a derrota, temos que assumir a total responsabilidade das nossas ações. Os méritos e deméritos são exclusivamente seus, e não há como colocar a culpa na previsão do tempo ou nos dados. Não há como fugir da responsabilidade no Xadrez.

Na empresa: Além da responsabilidade com nossos próprios prazos, metas e demandas, temos uma responsabilidade coletiva no ambiente empresarial. Sabemos que deixar de realizar uma tarefa prejudicará pessoas de outro setor. Que faltas excessivas ou atrasos comprometem a harmonia de trabalhar em equipe. Quando decidimos participar de uma equipe, aceitamos junto com isso as responsabilidades que nosso cargo nos exige. Temos uma responsabilidade não só com a chefia, como também com cada colega de trabalho e colaborador, que assim como você espera que a empresa que ele trabalha dê lucro e que ele possa continuar lá por mais um bom tempo.

6 — Evolução

No tabuleiro: Não se torna um forte jogador do dia para a a noite, tampouco lendo livros ou jogando partidas aleatórias. É necessário uma combinação desses fatores, além de um último, mas não menos importante: analisar as suas próprias partidas. As partidas de campeonato ou que decidimos estudar, geralmente são anotadas para que possamos analisar em momento posterior os nossos erros e acertos. Somente avaliando quais aspectos erramos é que descobrimos o motivo de não termos obtido sucesso em uma partida.

Na empresa: Não é diferente. É praticamente impossível que um gestor acerte todas as decisões ao longo de sua carreira. As falhas ocorrem em algum momento, porém após uma decisão deve-se avaliar os resultados para que os erros cometidos em um momento não sejam repetidos para que as falhas sejam corrigidas e assim, busquemos a evolução constante.

E você, conhece mais algum benefício do Xadrez para as atividades de gestão? Compartilhe sua opinião nos comentários.

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Bruno Barbosa

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